Bactéria parece promissora na luta contra a SIDA

 

De acordo com uma nova investigação a produção recombinante de uma forma da bactéria lactobacillus, existente habitualmente na vagina, poderá ser utilizada para proteger as mulheres da infecção por HIV.

Os investigadores utilizaram uma estirpe de Lactobacillus jensenii, habitualmente presente em grande quantidade no muco produzido pela mucosa da vagina saudável. Estas bactérias forma modificadas de forma a produzirem receptores CD4, aos quais o HIV se liga. Em testes laboratoriais estas bactérias modificadas forma capazes de reduzir em pelo menos 50% a taxa de infecção em células susceptíveis. Os investigadores planeiam agora experimentar estas bactérias em animais, afirmou John A. Lewicki da Osel Inc., a companhia responsável pelo desenvolvimento destas bactérias modificadas. O artigo "Inhibition of HIV Infectivity by a Natural Human Isolate of Lactobacillus jensenii Engineered to Express Functional Two-Domain CD4," foi publicado na edição online da Proceedings of the National Academy of Science (10.1073/pnas.1934747100).

Roberta Black, chefe do grupo que investiga os microbicidas tópicos no National Institute of Allergy and Infectious Diseases, afirmou que os investigadores «mostraram prova do conceito na experimentação laboratorial, que é onde tudo começa, mas daí à experimentação humana vai um grande passo». No entanto refere ainda «é uma abordagem altamente inovadora, que utiliza um mecanismo de defesa natural».

Os investigadores necessitam de evitar problemas como o que surgiu com o nonoxinol-9 (N-9), um microbicida que também foi utilizado com o mesmo intuito mas que poro provocar irritação da parede vaginal acabou por aumentar o risco de transmissão do HIV. Mas Lewicki afirmou que o lactobacillus actua de forma diferente da do N-9, ao estimular as bactérias protectoras, em vez de as lesar. Peter P. Lee, investigador principal na Stanford University afirmou que sonha que esta pesquisa permita a produção dum pequeno supositório intravaginal que a mulher utilize regularmente e seja eficaz durante uma semana ou mais. «Seria tão discreto quanto possível» afirmou. Este método poderia ainda ser utilizado para outros vírus nomeadamente, o do herpes (HSV) e o papiloma (HPV).

Associated Press (09.08.03), Randolph E. Schmid