GAPA-SP celebra nesta quarta-feira 20 anos de resposta social contra a aids

 

Em 1985, poucos anos após serem notificadas as primeiras informações sobre um tal “câncer gay” – uma das primeiras denominações populares para a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Aids –, surgia em São Paulo o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA). Algumas pessoas interessadas na área da saúde se reuniam com o propósito de discutir diversos temas. Até que o interesse pela doença, que pouco se sabia sobre, começou a ganhar força e o grupo oficializou a primeira organização não governamental (ONG) ligada à causa da Aids no país.

“A idéia era focarmos mesmo na prevenção, pois sabíamos que se a informação fosse repassada, a doença poderia ficar estacionada”, conta a advogada, membro fundadora do GAPA-SP, Áurea Abbade. Ainda atuante no grupo, ela lembra que existia na cidade apenas uma única sala médica, pertencente à Secretaria de Estado da Saúde, que atendia as pessoas com HIV/AIDS. “Era chamada de sala da morte e ficava na área de doenças dermatologicas, pois as primeiras manifestações eram na pele, através do Sarcoma de Kaposi”, afirma Abbade.

Sem muita ajuda médica, o que restava, além da prevenção, era o apoio fraternal e assistencial para com os infectados. “Procuramos ser uma espécie de amigo que eles não têm”, revela a advogada. Para ela, alguns momentos destacaram-se na história do grupo: “Em 1988, conseguimos um projeto de lei que obrigava a liberação do fundo de garantia PIS/PASEP para os portadores do HIVAIDS e a reintegração de um trabalhador despedido por ser portador do HIV; em 1996, obtivemos a liberação gratuita do anti-retroviral Saquinavir para um doente.”

Um pouco desta história de combate à Aids será lembrada nesta quarta-feira, 27, na Biblioteca Mário de Andrade. O grupo realizará o seminário “Aids no Brasil: 20 anos de Resposta Social”. Contando com a participação da Rede GAPAS do Brasil e de vários especialistas e ativistas em HIV/AIDS, brasileiros e estrangeiros, o encontro pretende oferecer ao participante uma ampla avaliação do tema e suas perspectivas.

Segundo o atual presidente do GAPA-SP, José Carlos Veloso, a idéia é resgatar a resposta comunitária nas cinco regiões brasileiras. “Há trabalhos do GAPA no Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e Norte”, comenta.

Durante o encontro serão apresentadas também as respostas do governo e das agências internacionais. Foram confirmadas as participações de representantes dos governos federal, estadual e municipal, assim como do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS) e LACASSO (Conselho Latino Americano e Caribenho de Organizações com Serviços em SIDA).

A partir das 18h30, em outro local (Theatro São Pedro), acontecerá a entrega do II Prêmio “Paulo César Bonfim”, uma homenagem ao fundador do GAPA-SP. Em sua segunda edição, esta iniciativa visa dar o justo reconhecimento público à contribuição das pessoas e entidades que mais se destacaram na luta contra a Aids ao longo dos últimos 20 anos. Por fim, ocorrerá uma apresentação de ballet.

Os eventos contam com o apoio do Ministério da Saúde e do Programa Nacional DST/AIDS, da UNESCO, do Governo do Estado de São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura, da Prefeitura de São Paulo e da Secretaria de Cultura, da Biblioteca Mário de Andrade, do Theatro São Pedro, da APPA - Associação Paulista dos Amigos da Arte e da empresa Persona Marketing e Comunicação.

Seminário Aids no Brasil: 20 anos de resposta social

A partir das 9h30, na Biblioteca Mário de Andrade, à Rua da Consolação, 94.

Prêmio “Paulo César Bonfim

A partir das 18h30, no Theatro São Pedro, à Rua Barra Funda, 171.