20 anos de GAPA-SP: pioneiros na luta social contra a aids ressaltam a necessidade de atuar junto às populações excluídas
A resposta do movimento social à epidemia de Aids começou há 20 anos em São Paulo por meio do GAPA – Grupo de Apoio à Prevenção à Aids. A iniciativa, que na época reuniu voluntários de várias áreas da saúde, tinha por objetivo ser finalizada em no máximo dois anos, já que era este o tempo previsto por eles para frear a terrível doença que atingia cerca de 200 pessoas.
“Achávamos que uma boa prevenção nos locais estratégicos conseguiria impedir a proliferação da Aids”, lembra a advogada e membro fundadora, Áurea Abbade. “Mas infelizmente, apesar de todo alarde que fizemos na época, não foi possível”, completa.
Atualmente, o Ministério da Saúde faz uma estimativa de aproximadamente 600 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS em todo o Brasil, sendo que quase metade não sabe da sua sorologia positiva.
Devido a este avanço da epidemia, fez-se necessária a criação de instituições governamentais especializadas e, conseqüentemente, novas ONG/AIDS também foram fundadas. O pioneiro GAPA - São Paulo serviu como base para o surgimento de outros grupos especializados. O próprio trabalho da entidade que surgiu para prevenir a Aids contemplou-se, formando uma rede de GAPAs. Nesta quarta-feira, 27, representantes desta rede estiveram reunidos para debater as ações nas cinco regiões brasileiras.
Uma das principais conclusões do Seminário “Aids no Brasil: 20 anos de Resposta Social” foi que é necessário chegar até as populações excluídas. “Como estão as pessoas que não têm acesso aos GAPAs e a qualquer outra organização especializada?”, ressaltou o presidente do GAPA – Rio Grande do Sul, Carlos Alberto Duarte. Desde 1989, esta ONG que atua no Estado com a maior incidência de Aids no país luta contra a “morte civil dos portadores do HIV”, disse Duarte.
A representante do GAPA - Minas Geais Valéria Pacheco também reforçou, no encontro, esta problemática. “A epidemia está num processo de pauperização e precisamos repensar nossos trabalhos”, disse. Criado em 1987, esta foi a primeira ONG mineira a lutar pelo direitos dos soropositivos.
O ativista e professor Guilherme Viana expôs as ações do GAPA Pará – única referência desta rede na região Norte. “Nosso trabalho consiste em planejar, executar e monitorar ações em HIV/AIDS”, ressaltou. Fundado em 1987, o GAPA – PA tem o privilégio de estar situado dentro da Universidade Federal do Pará, “o que facilita muito o intercâmbio entre vários setores”, observa Viana. Segundo ele, os projetos da sua instituição abrange ainda os Estados do Amazonas, Acre e Rondônia, atingindo diretamente cerca de 20 mil pessoas.
Para representar os GAPAs Bahia (fundado em 1988) e Distrito Federal (fundado em 1991), vieram a São Paulo Rosa Marinho e Márcia Ribas, respectivamente.
O evento que marca os 20 anos do GAPA – SP contará ainda hoje, a partir das 18h30, com a entrega do II Prêmio “Paulo César Bonfim”, uma homenagem ao fundador do GAPA-SP. Em sua segunda edição, esta iniciativa visa dar o justo reconhecimento público às pessoas e entidades que mais se destacaram na luta contra a Aids. Por fim, ocorrerá uma apresentação de ballet.