São Tomé e Principe


Bué Fixe para a malta aprender sobre a Sida

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14 de Novembro 2006, São Tomé, São Tomé e Principe - “Será que posso apanhar o HIV com beijos, carícias ou picadas de mosquitos?”

A pergunta foi enviada, por uma estudante do Liceu Nacional de São Tomé, à revista bimensal sobre HIV/Sida Bué Fixe, que no mês passado voltou à circulação, após cerca de três anos de paralisação.

“Algumas perguntas revelam o baixo nível de conhecimentos que os jovens têm sobre HIV/Sida”, diz Nelson Rosa Tiny, um dos estudantes que fundaram, em Setembro de 2003, a Bué Fixe, que significa, na gíria juvenil, algo muito agradável.

Na última edição, por exemplo, um jovem pergunta se “há risco em dormir sem fazer sexo com uma pessoa que tiver o HIV ou Sida”.

Estas perguntas têm a razão de ser neste país de 160 mil habitantes e 1.5 por cento de seroprevalência, onde subsiste o medo, silêncio e a desinformação sobre a Sida.

De acordo com Rosa Tiny, “quem mais escreve são as meninas e as perguntas mais frequentes são sobre o uso do preservativo, testagem e o que fazer se for seropositivo”.

Com o apoio de especialistas e de bibliografia do Onusida, a Bué Fixe responde a todas as preocupações dos leitores.

Criada com o apoio da consultora portuguesa Ana Filgueiras, na altura com a Onusida em São Tomé e Príncipe, Bué Fixe teve, entre 2003 e 2004, cinco edições.

Rosa Tiny conta que a Bué Fixe fechou quando Filgueiras regressou a Portugal e a maioria de redactores teve bolsas para estudar no estrangeiro.

Apoiada pelo Unicef e ONGs como Cidadãos do Mundo e Linha Africana, agora a revista de dez páginas é produzida em Lisboa, sob a direcção do estudante Dynka Amorim, que envia, por correio electrónico, para São Tomé e Príncipe, onde é impressa.

“A aposta é atingir jovens de diferentes níveis e em locais longínquos”, escreve Amorim no editorial do último número, cuja distribuição, em São Tome, é feita por Rosa Tiny.

A Bué Fixe é distribuída gratuitamente em escolas, centros culturais e associações juvenis, havendo a ideia de as próximas edições serem enviados a regiões como Caué e Lembá.

Música, moda e desporto

“É preciso que os jovens façam algo credível para travar a onda de HIV”, diz Rosa Tiny, de 22 anos de idade, sobre a motivação da sua equipa para produzir uma revista sem fins lucrativos.

E, em menos de um mês de relançamento, o fluxo de cartas na redacção da Bué Fixe é indicador da sede de informação sobre HIV/Sida entre os jovens.

Tiny diz que uma média de 50 cartas já foi depositada em cada uma das caixas colocadas no Liceu Nacional e nas escolas secundárias Trindade e Santana, na capital São Tome.

Para atrair a juventude, a Bué Fixe inclui artigos sobre a moda, desporto e música.

“Eles gostam de cantores e pessoas famosas, por isso lêem a revista”, diz Rosa Tiny, acentuando que isso pode ajudar a ultrapassar o problema de muitos jovens não gostarem de ler no pais.

Além de falarem das suas carreiras, as personalidades entrevistadas deixam mensagens sobre a Sida para os jovens.

“Prevenir, prevenir, prevenir porque a Sida não se vê! Uma pessoa pode ter um aspecto impecável, mas estar infectado”, adverte na edição deste mês a estilista são-tomense Gorreti Pina.

Para correspondência, buefixe65@yahoo.com.br


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