São Tomé e Principe


SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E HIV NAS TELAS DA TV

Agencia de Noticias da Aids

18.03.2007, São Tomé e Principe - Depois de abordar a Aids, o cineasta Januário Afonso quer promover em São Tomé e Príncipe uma discussão sobre a violência doméstica. “Vosso amor, meu sorriso” é o nome do seu novo filme que deve estrear neste mês. Na trama, Brandão agride constantemente sua mulher Eduarda, até que numa noite de briga, o filho deles, Isma, de nove anos, foge de casa por não suportar mais este problema. O garoto é pego pelo Centro de Cuidados aos Menores e acaba por transformar a violência em seu lar como um caso de justiça nacional.

“Vosso amor, meu sorriso” está sendo produzido desde 2003 e teve a estréia atrasada por problemas financeiros e pela morte, em 2006, da Eduarda do longa-metragem, a psicóloga e professora do ensino secundário Guiomar Costa. O realizador teme que o lançamento do filme crie uma polêmica sobre a atriz protagonista. “Certamente os familiares e amigos não vão gostar de ver a imagem dela”, diz Afonso ao PlusNews. Assim como Costa, todos os atores do filme não são profissionais.

Segundo Afonso, conseguir financiamento é a maior dificuldade em se fazer um filme em São Tomé e Príncipe. “A população não está habituada a ir ao cinema aqui”, comenta. Há uma sala de projeções, o Cinema Marcelo da Veiga, no centro da capital, São Tomé, mas desde a sua reabilitação em 2001, o local nunca foi aberto para a exibição de filmes.

“Vosso amor, meu sorriso” contou com patrocínio do Centro Cultural da Aliança Francesa, e de vários empresários e indivíduos.

O fogo do apagar da vida

Em Julho de 2002, Afonso lançou seu primeiro longa-metragem que teve como tema o tabu a cerca do HIV em São Tomé e Príncipe. Para uma população de aproximadamente 140 mil pessoas, o arquipélago tem uma soroprevalência de 1,5%, segundo dados do Programa Nacional de Luta contra a Sida (PNLS).

“Havia muito silêncio e queríamos dizer ao público que Aids também está aqui entre nós”, diz Afonso ao PlusNews. “Imprudência, o fogo do apagar da vida” narra a história de Katia (Celina Lima), uma jovem mãe que abandona os estudos para vender sexo nas discotecas e acabou por se infectar com o HIV.

O filme teve uma influência tão direta que muitas pessoas associaram a vida dos personagens com a real dos atores.

Celina Lima, atualmente estudando em Cuba, foi chamada por muitos de prostituta e de soropositiva, e alguns familiares a acusaram de manchar o nome da família, diz Celmira Fernandes, que também participou do longa-metragem.

O mesmo aconteceu com Afonso, quem no filme faz o papel de um cliente da Katia que foi infectado pelo HIV por não ter usado o preservativo. “Nas ruas, ouvíamos coisas ruins, palavras insultuosas”, lembra. Afonso explica os são-tomenses têm dificuldade para separar a ficção da realidade, por falta de hábito de ir ao cinema.

Anti-retrovirais amigos

Segundo Fernandes, muitos são-tomenses pediram um outro filme contra a descriminação dos soropositivos. Depois do filme, “as pessoas começaram a pensar mais na prevenção”, acredita Afonso. Em 2005, o cineasta foi convidado pelo PNLS para realizar uma dramatização sobre os anti-retrovirais.

O vídeo de 30 minutos “Anti-retroviral, um amigo” destinava-se a sensibilizar a população sobre os benefícios do tratamento anti-retroviral, pois segundo Afonso, “ter o HIV não significa vida acabada.” Os dois filmes sobre a temática da Aids são regularmente transmitidos na Televisão São-tomense.


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