|
 Cabo Verde
Mais além do namoro
José Teixeira Outubro 2002, enviado por Jaqueline Pereira, Cabo Verde - "Se no teu relógio toda hora é hora, No meu relógio a hora não chegou" P. Zezinho
O homem, envergonhado ao sentir-se nu e expulso do paraíso, fez com que a sexualidade deixasse de ser exercício da natureza para passar a ser regida pelo seu desejo. Saiu-se do domínio da verdade - dádiva de Deus, para se começar a cartografar o próprio saber, o próprio sentir, o próprio pensar e agir. Por mais que se tente estabelecer procedimentos correctos, ainda a humanidade não conseguiu, e talvez nunca mais consiga, uma normalidade consentida por todos. Cada um está fadado a construir a sua própria cartografia do desejo e da sexualidade. Pode-se produzir um manual para cada um de como exercer o amor em tempos de SIDA, e faltaria à maioria a resposta à pergunta: o que é que isto tem a ver comigo? Ninguém pode construir um mapa de vida para todos; o máximo que se pode fazer é ajudar a construir melhores percursos que, simplesmente, podem servir de referência. E é por isso que se está aqui. Em vários países, hoje, o sexo começa e termina no beijo. Mais além do namoro, só mesmo mais e mais beijos. Se calhar não é necessário chegar-se a esse ponto; entretanto, é preciso compreender que há que romper com algumas vivências do dia-a-dia que constituem barreiras a uma vida saudável, mas que, às vezes, não são percebidas como tal: designadamente, o machismo e certos tabus sexuais. Os homens pouco participam na educação de seus filhos, nomeadamente no que toca à educação sexual. Contudo, é fundamental que os protejam contra o HIV. Para início de conversa, é só começar a conversar. Antigamente o sexo era feito no escuro, mas agora as pessoas estão mais esclarecidas; o difícil e também raro é se perguntarem até que ponto têm clara evidência dos riscos que correm, para que, em minutos de prazer, não se exponha mais uma vida ao comando do HIV. É certo que, quando o desejo entra em estado de graça, a razão distrai-se, para depois envergonhar-se a si e a toda uma vida; e o arrependimento chega tarde demais.
Fazendo sexo sem pensar, desmedidamente, perde-se aquilo que a relação sexual tem de mais belo e mais rico: amor e carinho. Fica-se até com a impressão de que o sexo, também enquanto acto de gozo e prazer, pode estar em extinção. E se calhar lá chegará se não se aderir o quanto antes à bastante divulgada lógica de preservação, ou melhor, de prevenção. É preciso saber que o sexo faz parte do amor, somente quando chegar a hora certa e dizer com coragem e determinação, como recomenda P. Zezinho, "se no teu relógio toda hora é hora, no meu relógio a hora não chegou". Pois, a pensar em acto sexual, além do instinto animal e de procriação, com a possibilidade do prazer, é importante que se saiba orientar o desejo, o prazer e a curiosidade.
Quando se fala em estabilidade de relacionamento e em fidelidade, quem se apresenta parece moralista de mais e acaba falando somente para quem não tenha mais o que fazer. Por outro, ninguém discorda de nada que é dito, se calhar, também, porque ninguém escuta com a sua própria pessoa, mas somente com ouvidos de quem transfere para outros tudo o que é anunciado. Entretanto, quando se comete um pecado e depois se arrepende, vai-se pedir perdão, confirmando a coragem e o propósito de não mais repeti-lo. A absolvição concedida é válida até que se volte a cair em tentação, repetindo o erro. Posto que errar é humano, sempre se pode firmar do erro, devido à bondade de Deus em, novamente, perdoar quando se arrepende e se pede perdão. O pecado de ter um comportamento sexual de risco, certamente, Deus já perdoou várias vezes a muitos, mas, que se saiba, a nenhum mortal que tenha apanhado a SIDA por ter tido um comportamento de risco e não ter-se protegido, restou outra alternativa que não seja a morte. Parodiando um pouco o ditado diria, que cometer um erro de cada vez é HUMANO, mas cometer dois ao mesmo tempo é muita irresponsabilidade; e o preço é tão caro que, muitas vezes, não se pode pagar com outra coisa diferente da própria vida. Se fidelidade é, e vai continuar sendo sempre, o melhor de todos os presentes, para o dia de são Valentim e não só, a camisinha, convenhamos, é uma questão de higiene. Assim, afinados com o romantismo, aconselha-se que sejam eternos namorados, não só os casais mas também os que se querem muito e deseja-se que vivam alegremente uma vida longa. Mas, obviamente, sempre bem comportados e preparados para o novo estilo de vida que os tempos modernos exigem..
ARTIGO ENVIADO POR: Jaqueline Pereira, AUTOR: José Teixeira, psicólogo de formação, e Director do CNDS/Centro Nacional de Desenvolvimento Sanitário estrutura do Ministério da Saúde voltada para a produção de materiais de I.E.C. Contacto: zeteixeira@hotmail.com
|
|
ARTIGOS:
Cabo Verde

No Jogo de Esconde - Esconde com a SIDA
 Mais além do namoro
 Como Educar para a Sexualidade

ULTIMAS
NOTICIAS:
Cabo Verde

CABO VERDE: Proteger as crianças dos perigos da rua e do HIV
 CABO VERDE: Bebés saudáveis, mães felizes sem HIV
 CABO VERDE: Mais antiga cooperação com Portugal na saúde terminou hoje
 Cabo Verde: Banco Mundial financia luta contra a sida
 CABO VERDE: Arranca segunda fase de resposta à Sida

mais artigos
e noticias...
|