Qual é a utilidade da avalanche de informação sobre a Sida?

Plusnews

3 de Dezembro 2006, SIDA NO MUNDO - Todos os dias somos bombardeados com informação sobre HIV/Sida, mas será que é útil?

Este ano, o IRIN/PlusNews, com o financiamento do governo irlandês, realizou um estudo abrangendo 192 organizações do Malawi, Moçambique, Suazilândia, Zâmbia e Zimbabwe para perceber a situação.

Os inqueridos descreveram como e onde obtém informação sobre HIV/Sida, se corresponde às suas necessidades e como é que a disseminavam aos seus membros e grupos alvo.

Oitenta por cento das organizações participantes – grupos de Sida, instituições governamentais e média – qualificaram a informação sobre a pandemia como essencial ou muito importante para o seu serviço.

Eles usam-na para se manterem informados sobre os últimos desenvolvimentos, políticas e estatísticas, para educar as suas comunidades e grupos alvo.

Contudo, enfatizaram que a informação deve estar disponível numa variedade de meios, fácil de compreender, especifica para os seus países e incluir as pessoas infectadas e afectadas pela pandemia na produção de materiais.

“O que é reportado em termos programáticos é idealístico se comparado à situação real”, disse um inquerido de uma organização não governamental zimbabweana.

Relevância e fácil uso

A maioria dos inqueridos comentou a falta de informação sobre HIV/Sida com relevância local e disse que as organizações de base devem participar nos testes dos materiais.

“Os materiais devem ser criados segundo os valores culturais de uma determinada comunidade e não redigidos numa perspectiva global”, comentou um inquerido do Malawi.

Os inqueridos sugeriram a tradução de materiais para as línguas locais, com toda a informação técnica e académica modificada para torna-los mais fáceis de compreender.

As estatísticas de HIV/Sida foram particularmente identificadas como difíceis de compreender e interpretar.

Muitas organizações disseram que esses dados devem ser disponibilizados aos trabalhadores de campo em formatos de fácil uso. Outra preocupação apontada é a contradição entre dados de diferentes fontes.

Todas as organizações de Sida inqueridas têm acesso a computadores e nove em cada dez à internet e correio electrónico, mas o estudo descobriu que há falta de domínio dessas tecnologias, dai a necessidade de mais treinamento.

Mais angariação e partilha

A escrita é um meio importante para a distribuição de informação sobre HIV/Sida nas comunidades, em particular nas áreas rurais, onde o acesso por via electrónica é difícil.

No entanto, o estudo notou que as organizações, as vezes, carecem de dinheiro para multiplicarem e distribuírem os materiais.

Muitos acham que os seus governos e conselhos nacionais da Sida devem serem mais proactivos na disseminação de informação, criando organismos nacionais de coordenação, centros locais de recursos e bancos de dados de organizações de HIV/Sida.

O estudo recomenda que as organizações de HIV/Sida angariem fundos adicionais para produzirem os seus próprios materiais e encorajarem maior envolvimento das pessoas seropositivas.

Mais informação básica e de fácil uso sobre HIV/Sida precisa de ser difundida em formatos não electrónicos, observa o coordenador global do PlusNews, Obinna Anyadike.

“Há também, obviamente, a necessidade de interligar as pessoas a outras organizações que fazem o mesmo trabalho para partilharem a informação”, refere Anyadike.

Tendo isso em mente, o PlusNews convida as organizações de HIV/Sida para subscreverem ao “PlusNews Extra”, uma lista de endereços que permitirá a partilha de notícias, anúncios e dados.

CD-Roms com o estudo e uma lista de provedores de informação sobre HIV/Sida na África austral serão distribuídos a todas as organizações participantes.